Você já ouviu falar sobre o As Built? Esse termo em inglês é muito conhecido entre os profissionais do setor de construção e da área de engenharia. Ele pode ser traduzido ao pé da letra como “Como Construído”.

Trata-se de um projeto com representações técnicas. Ou seja, plantas, cortes, fachadas etc., com todas as alterações e modificações promovidas durante a construção ou reforma de um imóvel.

O As Built é de enorme importância na área da arquitetura e da engenharia,na gestão de edifícios residenciais, comerciais e industriais. Não à toa, esse tema é tratado em norma técnica da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), no caso, a NBR 14.645:2001 – Elaboração do “como construído” (as built) para edificações.

O As Built é o assunto que escolhemos para o post de hoje. Continue conosco para entender melhor como o As Built é realizado e suas principais aplicações.

A importância do As Built

Você sabe que toda obra de engenharia tem como referências principais os projeto arquitetônicos e executivos do empreendimento que irá representar, não é mesmo?

No entanto, é natural que durante a execução das obras, novas alterações sejam realizadas, afetando o projeto inicial. O mesmo ocorre durante a vida útil de um edifício, quando reformas e adaptações são, invariavelmente, realizadas pelos usuários. Assim, é de se esperar que o desenho técnico inicial sofra alterações ao longo da vida útil da edificação.

O registro completo e confiável de todas essas modificações é imprescindível. Sabe por que? Para que, no futuro, reformas e eventuais manutenções possam ser realizadas sem que se comprometa a qualidade da estrutura construída.

O As Built trata justamente disto. Ele relaciona todas as mudanças efetivadas num empreendimento civil durante sua execução e, também, durante o seu uso.

Ao registrar tecnicamente e formalmente eventuais mudanças não documentadas, ele ajuda a prevenir possíveis acidentes que podem ocorrer em intervenções em imóveis mais antigos.

Com o As Built também fica mais fácil averiguar se, na atual situação, a construção está dentro das normas vigentes. Dessa forma, evitam-se problemas legais como alvarás de funcionamento e laudo do Corpo de Bombeiros, por exemplo.

Principais tipos de projeto “Como construído”

A elaboração do As Built se aplica tanto no projeto arquitetônico, quanto nos projetos complementares. Ou seja, de todos os elementos que compõem as instalações elétricas, hidráulicas e outras.

Por isso mesmo, pode ser classificado em diversos tipos. Em cada um deles é realizado o levantamento das instalações em suas especificidades, como te mostro a seguir:

  • As Built arquitetônico – Contempla o levantamento total da construção, incluindo áreas internas e fachadas. Esse tipo de As Built apresenta as dimensões e as medidas geométricas, bem como traz o detalhamento de materiais empregados em vedações, coberturas e revestimentos.
  • As Built elétrico – Como é de se supor, se dedica às instalações elétricas. Esse tipo de As Built consiste no levantamento de toda a instalação elétrica e analisa a distribuição dos circuitos, a demanda de energia, elementos que compõem as instalações, quantidade, potência e localização de pontos de alimentação.
  • As Built hidrossanitário – Consiste na identificação dos diversos conjuntos de instalações que fazem parte do sistema hidráulico e hidrossanitário. Apresenta todo o posicionamento, as medidas de tubulações e as ramificações, seja de água fria ou quente.
  • Outras tipologias – O As Built pode ser realizado, ainda, para analisar o sistema de comunicação de voz e dados, de prevenção de incêndio, de climatização, entre outras disciplinas.

Como o As Built é feito?

as built

A ABNT NBR 14.645:2005 – Elaboração do como construído (as built) para edificações, fixa os procedimentos a serem adotados na execução do As Built de uma obra. O objetivo da norma é padronizar os métodos e minimizar falhas neste processo de engenharia de construção civil.

De modo geral, a elaboração do As Built pode ser dividida em duas etapas principais.

A primeira delas consiste no levantamento de todas as medidas e análises dos sistemas que compõem a edificação.

A segunda parte abarca o relato e a representação gráfica (desenhos e plantas) das alterações analisadas em obra.

Um ponto que vale ser ressaltado. Muito embora o As Built seja uma versão final de um projeto, é importante que ele contemple o histórico de todas as revisões realizadas. Dessa forma fica mais fácil entender o motivo que levou às mudanças aplicadas.

Novas tecnologias para elaboração de As Built

Como falamos anteriormente, a finalidade de um projeto As Built é documentar as condições de uma construção. É como uma radiografia do que foi efetivamente construído.

Ao englobar sua configuração arquitetônica, bem como suas instalações, o As Built pressupõe a manutenção de um registro sempre atualizado da edificação.

Tradicionalmente, o As Built é elaborado a partir de um levantamento métrico detalhado de forma manual.

Mais recentemente, contudo, passou-se a utilizar tecnologias que permitem captar digitalmente os ambientes. O resultado de tais avanços são notados em maior detalhamento, maior qualidade, precisão e, principalmente economia de recursos e tempo.

Esse é o caso, por exemplo, da sondagem com ultrassom de elementos estruturais.

Outro exemplo relevante é o escaneamento a laser (3D), com uso crescente a partir de 1990.

O laser scan fornece de forma rápida, precisa e detalhada os dados de cenas digitalizadas por meio de uma nuvem de pontos 3D. Tais nuvens podem ser utilizadas para a criação de modelos As Built 3D em BIM, por exemplo.

Lembre-se que, mais do que oferecer uma representação tridimensional, o BIM (Building Information Modeling)centraliza informações de toda a edificação, possibilitando a gestão automática de dados para a manutenção e operação.

Via Buildin