Cidade de SP terá limite de tolerância de barulho criado em obras da construção civil
Um decreto da Prefeitura de São Paulo, publicado no Diário Oficial da cidade nesta terça-feira (28), prevê limites para a geração de ruído causada por obras da construção civil na capital. O texto regulamenta uma lei de 2016 que determinava que a gestão municipal deveria prever os limites toleráveis de poluição sonora decorrentes de construções.
Pelo decreto, estão sujeitos aos limites as obras às quais é necessário alvará de execução. O regulamento prevê níveis diferentes de emissão de sons e ruídos de acordo com o horário e dias da semana.
A regulamentação das regras sobre ruído em obras na cidade ocorre em meio ao recorde histórico de vendas de novos imóveis na capital, e em momento de mercado aquecido no setor, conforme dados inéditos divulgados pelo g1 SP.
O decreto entrará em vigor em 90 dias e prevê que, em caso de descumprimento, a obra estará sujeita à multa e até ao embargo dos trabalhos.
A multa para obras que excederem o limite de ruído estabelecido é de cerca de R$ 12 mil na primeira autuação.
Atualmente, o nível de ruído na cidade é regulamentado pela lei municipal 16.402, de 2016, que prevê indicadores de barulho conforme a zona da cidade (área de habitação, de expansão urbana, área industrial, dentre outras definidas no plano diretor), e que variam entre 40 e 60 decibéis.
Agora, pelo decreto, as regras serão mais brandas, com índices permitidos de até 85 decibéis, quando a poluição sonora for resultado da construção civil e no período até as 19h. As regras para construção civil serão:
Nos dias úteis:
- 85dB – das 7h às 19h
- 59dB – das 19h às 7h
Aos finais de semanas e feriados:
- 85 dB aos sábados – entre 8h e 14h
- 59 db aos sábados (entre 14h e as 8h), aos domingos e nos feriados (dia inteiro)
Não estão restritas aos limites:
- toda e qualquer obra, pública ou particular, de caráter emergencial
- movimentação de terra, fundação, demolição e estrutura entre 7h e 19h, de segunda a sexta-feira, exceto feriados
- as obras públicas
- atividades de carga e descarga em obras de construção civil das 21h às 0h de segunda à sexta (não pode em finais de semana e feriados)
Segundo o advogado Douglas Nadalini, especialista em direito ambiental, a fiscalização será feita com aparelhos técnicos pela Divisão Técnica de Fiscalização do Silêncio Urbano (PSIU) da Prefeitura e não se confunde com as fiscalizações de regularidade da obra, que já são feitas diariamente pelas subprefeituras.
A legislação prevê, explica Nadalini, que tanto o dono da área quanto quem estiver realizando o serviço que cause poluição sonora possam ser punidos e receberem multas pelo desrespeito às regras.
Mercado aquecido na construção civil
Durante a pandemia, cerca de 47 mil novos imóveis foram vendidos se somados os primeiros semestres de 2020 e de 2021, de acordo com um levantamento realizado a partir de dados da Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP).
A indústria da construção civil abriu 208.259 postos de trabalho no ano de 2021 no Brasil, sendo 54.084 no estado de São Paulo, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A construção foi o quarto setor que mais criou vagas de emprego entre julho de 2021 e agosto de 2020: foram 310.541, atrás apenas de serviços (1.149.948), comércio (781.542) e indústria (697.387).
Em 2021, até o mês de julho, cerca de 34 mil unidades habitacionais foram produzidas e 35,3 mil foram vendidas no estado. Em 2020, também houve equilíbrio entre oferta e demanda: 59,9 mil unidades produzidas e 51,4 mil vendidas.
[ Fonte: g1.globo.com ]